World Fashion edição 161

á muito que temos as- sistido às incursões das principais marcas do vestuário, no Brasil, na busca por novas formas de comercializa- ção que possibilitem ampliar as opções de compra dos seus produtos, garantin- do uma maior participação da marca no gasto destes compradores com artigos de moda. É o que os marqueteiros costu- mam chamar de “ share of wallet ” (partici- pação damarca no gasto dos consumido- res), e que representa umdos indicadores mais relevantes da eficácia de uma estra- tégia comercial já tradicional, cujo pilar principal se sustenta na atuação da mar- ca em diferentes canais do varejo, algo que na era do e-commerce convencionou- -se chamar de venda multicanal. Um dos segmentos pioneiros a adotar este tipo de estratégia no País, bem an- Indústria demoda embusca de um canal de venda para chamar de seu M E R C A D O Por Marcelo Prado comerciais, emque uma loja multimarca comum simplesmente não se sustenta. Um dos desdobramentos da exploração de um canal próprio de varejo por par- te das confecções de vestuário foi a ne- cessidade de se ampliar largamente o número de itens ofertados a cada cole- ção para suprir as necessidades de giro e de atratividade das lojas próprias, que transpassam em muito as variações de mix permitidas pelas linhas de produ- ção de uma fábrica convencional. Para dar conta de toda essa amplitude, viram-se obrigadas a ofertar uma gama cada vez maior de produtos, para diver- sas ocasiões, que incluíssem deste tops e bottons , a artigos de inverno, moda íntima, calçados, meias e acessórios, en- tre outros. Foi assim que vimos flores- cer, por trás das redes próprias de vare- jo, uma ampla cadeia de suprimento que passa a envolver, além da produção pró- H DESEMPENHOVESTUÁRIO VARIAÇÃONOMÊS 1 VARIAÇÃOANUALIZADA 2 VENDAS NOVAREJO (R$) 2,3% -1,3% VENDAS NOVAREJO (PEÇAS) 2,5% -3,4% PRODUÇÃO INDUSTRIAL (PEÇAS) 11,6% -3,8% IMPORTAÇÕES (US$) 7,5% 30,5% EXPORTAÇÕES (US$) -7,4% -1,3% Fontes: IEMI / IBGE / SECEX (1) Junho 2018 / Maio 2018 (2) Janeiro-Junho 2018 / Janeiro-Junho 2017 Marcelo V. Prado é sócio-diretor do IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial faleconosco@iemi. com.br Foto: Igor Ovsyannykov/Unsplash tes à chegada da internet, foi o de jeans- wear , já que algumas de suas marcas mais reconhecidas e desejadas pelos consumidores resolveram empreender no varejo com lojas próprias e franquea- das, visando ambientar e precificar me- lhor seus produtos, valorizar suas cole- ções e promover a identidade da marca junto ao seu público alvo. Apesar das agruras enfrentadas pelos pioneiros dessa estratégia, com mui- tos altos e baixos e diversas mudanças de modelo, o resultado que vemos hoje é, sem dúvida, virtuoso, com a criação do canal de vendas com o melhor preço médio e a maior receita por metro qua- drado do varejo de moda do País. O su- cesso deste canal pode ser avaliado, ain- da, pela sua importância na ocupação dos shoppings centers do País, repre- sentando a maior parcela de Área Bruta Locável (ABL) destes empreendimentos pria, a contratação de serviços terceiriza- dos de confecção (facções), a compra de produtos fabricados por terceiros (forne- cedores em sistema private lable ) e impor- tações, alémdo licenciamento de marcas para produtos que podem ser explorados em outros canais de vendas, como ócu- los, relógios, bolsas e mochilas, etc. Este modelo se espalhou por diferen- tes segmentos do vestuário e ajudou a construir algumas das marcas de maior valor do mercado de moda. Hoje, pode- -se dizer que para uma marca de moda alcançar um valor realmente relevante, que supere significativamente o resul- tado da soma de seus ativos e passivos, precisará, entre outras coisas, dispor de um canal próprio de varejo. A chegada do e-commerce , trazendo novas possibilidades de comercializa- ção direta dessas marcas aos consu- midores, incluindo a venda cruzada do omni channel , que possibilita a compra pelo site e a retirada do produto no mes- mo dia na loja, só fez reforçar o mode- lo atual de valorização das marcas de moda, enquanto ativos financeiros. Mais do que nunca, as confecções bra- sileiras precisam pensar na incorpora- ção de canais próprios de varejo ao seu negócio se quiserem agregar valor a seus produtos e marcas, mesmo saben- do que para ter sucesso nessa investi- da, alémde administrar a resistência de clientes multimarcas tradicionais, te- rão que estar preparadas para ampliar a sua rede de suprimentos muito além da sua linha de produção. Sucesso! INDICADORES DOVAREJO DEMODA – JUNHO/18 A venda do comércio varejista de ves- tuário avançou em junho. Em volumes físicos a alta foi de 2,5% e, em valores de venda, (+) 2,3%. Porém, no acumulado do ano, entre janeiro e junho, o segmen- to ainda registra queda de 3,4% nos vo- lumes e de (-) 1,3%nas receitas de venda. A produção nacional destes artigos, em número de peças confeccionadas, cres- ceu 11,6% em junho, quando comparado a maio de 2018. No acumulado do semes- tre, no entanto, houve queda de 3,8%. Em relação ao comércio externo, as im- portações brasileiras de roupas conti- nuam a apresentar uma forte alta, com crescimento de 7,5% em junho, e de 30,5% no acumulado no ano. As expor- tações, por sua vez, voltaram a recuar em frente a maio, (-) 7,4%, e passaram a acumular queda no ano de 1,3%. 31 161 Confecções brasileiras precisampensar na incorporação de canais próprios de varejo ao negócio se quiseremagregar valor aos produtos e estar preparadas para ampliar a rede de suprimentos muito alémda linha de produção

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