World Fashion edição 158

V A R E J O POR LUÍS TADEU DIX Resíduo comLucro? Como assim? A chamadaGestão de Ativos, quando integrada à política de uma empresa, contribui para a eficácia do processo de produção e, principalmente, pode trazer lucros a partir de elementos que até então eramsinônimo de perda estão de Ativos: como transformar o resíduo da sua loja em valor foi o tema central do 22º Backstage do Varejo: Sustentabili- dade com resultados práticos, recente- mente realizado na sede da Associação Paulista de Supermercados (APAS), em São Paulo. Evento técnico bimestral, o Backstage do Varejo é vol- tado para a qualificação dos atores da cadeia varejista. Nessa edição, a curadoria foi do Comitê de Gestão de Ativos da entidade, presidido por Eduardo Trajano, ge- rente geral de engenharia e arquitetura da Riachuelo. Criado em 2012, o Backstage do Varejo consolidou-se como ambiente ideal para varejistas e fornecedores debaterem temas que ajudam a repensar, impulsio- nar e atualizar as práticas de varejo. Ao todo já reu- niu mais de duas mil pessoas, de média à alta gerên- cia, especialistas e profissionais autônomos. Ali são discutidos temas do dia a dia do setor, como: gestão de pessoas, tecnologia, expansão no varejo, gestão de ativos do varejo, sustentabilidade, branding, pro- priedade intelectual, iluminação, visual merchandi- sing, store design entre outros. Idealizado e realizado pela APAS, a iniciativa tem apoio da Associação Brasileira de Franchising (ABF), da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abras- ce), da Associação Comercial de Campinas (ACIC), do Espaço APAS e da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). RESULTADOS PRÁTICOS Em sua explanação, o executivo da Riachuelo Eduar- do Trajano abordou aspectos necessários para a efi- ciência na Gestão de Sustentabilidade, tais como a Responsabilidade Social, o respeito pelo Meio Am- biente e os Ganhos Financeiros, que estão sintetiza- dos na “fórmula” dos três “p”, isso é, People, Planet and Profits (pessoas, planeta e lucros). Leia nessa entrevista exclusiva de Eduardo Trajano ao World Fashion sobre as possibilidades que uma empresa de varejo tem de transformar em lucro os resíduos que gera inevitavelmente. E, mais que isso, possa fazer com que a Gestão de Ativos incorpore-se à política da própria empresa. G WORLD FASHION – O que é Gestão de Ativos? EDUARDO TRAJANO – Ativo, conforme a ISO 55.000, é tudo aquilo que tem valor para a empresa: tangível e intangível, ou seja, valor real, potencial, financeiro e não financei- ro. Trata-se de um processo de análise do valor de cada ativo da empresa, e também de avaliação do potencial de economia desses ativos, que podem gerar economia e até lucro. No caso de uma loja de moda, o valor está: nas pessoas, na ocupação (local, construção, instalações) e na energia. A Gestão de Ativos abrange praticamente toda a cadeia de interesse da Abiesv, quer dizer, equipamentos e serviços para o varejo. O impacto positivo daGestão de Ativos é particularmente percebido no planejamento de abertura de lojas. O que vale para uma loja, vale para uma rede e vice-versa. W. F. – É comum o varejista ter simpatia pela causa da sustentabilidade, porém ser cético em implantar ações, por não vislumbrar resultados práticos de lucratividade. O que o even- to e o Comitê de Gestão de Ativos propuseram? E. T. – O evento se propôs a chamar a atenção das despesas para o desempenho, isto é a performance. Um programa de renovação das instalações de iluminação para LED já provou ter alcançado uma economia de energia de 15%. Vale lembrar que, numa loja, o custo da energia representa de 12%a 15%dos custos totais. A gestão des- se Ativo analisará as vantagens de se comprar energia no mercado livre, bem como a hora de se acionar e se desligar o ar condicionado, assim como a temperatura eco- nômica e adequada, a iluminação, o custo de reposição das lâmpadas e outros itens. W. F. – As redes de lojas, shopping centers e pequenas lojas podem ter lucro com susten- tabilidade se passarem a considerar os resíduos que geram como itens de valor? E. T – Claro! Todo e qualquer varejista gera resíduos como papelão, sacos plásti- cos, cabides, lâmpadas. A gestão desses resíduos-ativos gera valor para a susten- tabilidade, dando origem à economia e, em seguida, ao lucro. Assim, os varejistas encontram caminhos para transformar a loja numa experiência de compra, o que vai ao encontro do estilo de vida do consumidor contemporâneo. É com essa pers- pectiva que a Abiesv tem trabalhado. W. F. – Há exemplos concretos em que a gestão de Ativos tenha contribuído para gerar va- lor à empresa com os três “p”, isso é, People, Planet and Profits (pessoas, planeta, lucros)? E. T. – A Riachuelo é um bom exemplo, por meio de seu projeto de busca de “fon- tes de energia incentivadas” – e por isso com preço mais atrativo –; com a aquisi- ção de energia no Mercado Livre (15 a 25% de redução na conta de energia); com a adoção de Iluminação LED desde 2014 (10 a 15% de redução conta); com geren- ciamento de acionamento de cargas elétricas (5 a 10% de redução na conta), e o Retrofit de instalações e certificação LEED. Agora a companhia inicia um progra- ma de Gerenciamento de Resíduos, que traz resultados efetivos para a organiza- ção e reduz o impacto no meio ambiente. 32 158

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