World Fashion edição 160

44 160 varejo de Moda no Bra- sil opera atualmente com cerca de 149 mil pontos de vendas em todo o territó- rio, quando considerados todos os prin- cipais canais de venda do varejo físico, ao qual se incluem as lojas especializa- das e não especializadas no segmento. Segundo dados do Painel Anual do IEMI, juntos estes canais movimen- taram, em 2017, R$ 220 bilhões em re- ceitas anuais, registrando crescimento da ordem de 8% sobre o ano anterior (2016), com a comercialização de 6,24 bilhões de peças do vestuário. Estes números colocam o segmento de moda entre umdos principaismercados de consumo, atendido principalmen- te por: lojas especializadas, às quais se inserem as lojas independentes (não organizadas em redes), em sua gran- de maioria, multimarcas e que se espa- lham por mais de 4.500 municípios; as redes especializadas em determinadas linhas de produto, como lingerie, moda feminina, moda masculina, jeanswear, Varejo demoda emtransformação M E R C A D O Por Marcelo Prado tradicionais, estas com foco principal em eletromóveis, e os hipermercados/super- mercados. Estes dois últimos, porém, são competidores orientados para produtos de baixo preço, com pouca preocupação em relação ao lançamento de coleções e a continuidade de produtos e marcas, tendo como motivação para comerciali- zar estes produtos, a boamargeme o giro que são capazes de oferecer, frente aos demais produtos que ofertam. Em tempos de retomada do crescimen- to, ainda que em ritmo aquém do dese- jado, os canais especializados em moda vivem uma situação de competição ex- tremamente acirrada, com desafios que vão muito além da mera competi- ção de preços, com uma cobrança cada vez maior em termos de ambientação de loja, atendimento e, principalmente, de- sign, coordenação, variedade e inovação contínua de produtos, para semanterem atraentes aos olhos dos consumidores, independente do poder de compra e do perfil do público que desejam atingir. Nos anos que precederam a crise (2007 a 2014), o varejo de moda no Brasil avan- O DESEMPENHOVESTUÁRIO VARIAÇÃONOMÊS 1 VARIAÇÃOANUALIZADA 2 VENDAS NOVAREJO (R$) 25,0% 0,7% VENDAS NOVAREJO (PEÇAS) 24,6% -1,6% PRODUÇÃO INDUSTRIAL (PEÇAS) 19,5% -3,5% IMPORTAÇÕES (US$) 24,9% 31,7% EXPORTAÇÕES (US$) 53,7% 4,1% Fontes: IEMI / IBGE / SECEX (1) Março 2018 / Fevereiro 2018 (2) Janeiro-Março 2018 / Janeiro-Março 2017 Marcelo V. Prado é sócio-diretor do IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial faleconosco@iemi. com.br Foto: Igor Ovsyannykov/Unsplash infantil, etc.; e as lojas “departamenta- das” de moda, com linhas de produto para toda a família e ocasiões (exem- plos: Renner, C&A, Marisa, etc.). Dentre estes canais, o maior em volu- me é comercializado pelas lojas inde- pendentes (multimarcas), responsáveis pelo escoamento de 36% das peças ad- quiridas no varejo físico. Esta lideran- ça, porém, não se configura no mon- tante das receitas geradas, exercida pelas lojas de departamento de moda, com 31% do valor das vendas, e nem nos melhores preços médios do varejo, liderados pelas redes de lojas especia- lizadas (exemplos Ellus, Le Lis Blanc, Dudalina, Hope, etc.), em sua maioria monomarcas dirigidas a públicos com maior poder de compra. Esta situação mantém o principal canal de venda de roupas do País (as multimarcas) fora dos principais shoppings, simplesmen- te por não serem suficientemente ren- táveis para os altos custos de operação destes espaços comerciais. Além destes canais, também comercia- lizam roupas as lojas de departamento çou a um ritmo médio de 9,2% ao ano (em termos nominais), garantindo um desempenho positivo a todos os seus canais de venda, embora o grande des- taque tenha sido, sem dúvida, a expan- são das redes de lojas especializadas, “departamentadas” ou não, que apro- veitaram o boom dos shoppings centers , o apetite dos franqueados e a liquidez do mercado financeiro, para financiar sua expansão pelo Brasil, em ritmo acelera- do, reduzindo pouco a pouco a partici- pação relativa das pequenas lojas inde- pendentes, no mercado nacional. Com a chegada da crise e a redução do mercado, nada menos que 17 mil lojas es- pecializadas em moda fecharam as suas portas (10% do total), na maioria lojas in- dependentes de pequeno porte, o que por si só já limita as possibilidades de este ca- nal emreagir no curto prazo e enfrentar a expansão das redes de varejo. A retomada do mercado de moda e os já anunciados projetos de expansão das principais redes de varejo brasileiras su- gerem um crescimento ainda maior da participação relativa destes canais so- bre o varejo multimarca, colocando um desafio ainda maior às indústrias locais, grandes ou pequenas, e aos centros de atacado tradicionais do País como o Brás, o Bom Retiro, Goiânia, Maringá, Cianorte e etc., que têm no pequeno va- rejo independente o seu grande canal de venda. Sem dúvida, para estas em- presas, mais do que nunca, é hora de re- ver suas estratégias de comercialização, visando garantir um caminho mais pro- missor para o futuro de seus negócios. Sucesso! . INDICADORES DO VAREJODEMODA – MARÇO/18 A venda do comércio varejista de ves- tuário avançou em março. Em volu- mes físicos a alta foi de 24,6% e, em valores de venda, (+)25,0%. No acu- mulado do ano, entre janeiro e março, houve leve alta, (+)0,7%, nas receitas e queda de 1,6% nos volumes. A produção nacional destes artigos, em número de peças confeccionadas, cres- ceu 19,5% em março, quando compara- do a fevereiro de 2018. No ano, no en- tanto, houve queda de 3,5%. Em relação ao comércio externo, as im- portações brasileiras de roupas tiveram alta de 24,9% em março, e de (+)31,7% no acumulado no ano. As exportações apresentaram forte crescimento em março frente a fevereiro, (+)53,7%, e cresceram 4,1% no acumulado do ano.

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