World Fashion edição 158

s sinais da retomada da produção e do consumo no Brasil já são bastante consistentes e dissemina- dos pelas diferentes linhas do vestuário. Prova disso são os resultados do primeiro semestre deste ano que, como já era pre- visto, registrou crescimento expressivo na produção, comumavanço de 5,2%em volumes de peças confeccionadas, sobre o mesmo período do ano passado. Este crescimento foi puxado por uma demanda mais aquecida no varejo local, onde o frio, a melhora no emprego e o di- nheiro sacado do FGTS ajudaram a ele- var as vendas de vestuário nas lojas em +5,7% na mesma base de comparação (em volumes de peças) sobre o primei- ro semestre do ano passado. Para o final deste ano, não temos dúvida, que avan- çaremos ainda mais, o que deverá reno- Hora de sair do conforto Mais do que nunca é preciso buscar um novo modelo de negócio para a moda brasileira, especialmente por parte das pequenas e médias empresas, que devem procurar a diferenciação, visando criar valor e gerar lucro, mais do que crescimento M E R C A D O Por Marcelo Prado ções sofreram queda pouco inferior a 40% nos últimos dois anos (2016 sobre 2014), devido a dois grandes fatores, a va- lorização do dólar frente ao real e à queda no consumo interno. Com uma redução perto de 10% no valor da moeda america- na, naprimeirametadedeste ano, e a reto- mada paulatina do consumo interno, a ex- pectativa é de que parte considerável do que deixou de ser importado retorne ao nossomercado já a partir deste ano, man- tendo acirrada a concorrência interna. A história da indústria do vestuário tem nos mostrado que em momen- tos como este, de forte concorrência, a maioria das empresas brasileiras de vestuário, até por serem compostas por uma vasta gama de médios e pe- quenos produtores, acabam por apos- tar suas fichas em uma estratégia dire- cionada para produtos que já são moda O DESEMPENHOVESTUÁRIO VARIAÇÃONOMÊS 1 VARIAÇÃOANUALIZADA 2 VENDAS NOVAREJO (R$) 2,9% 8,2% VENDAS NOVAREJO (PEÇAS) 2,5% 5,7% PRODUÇÃO INDUSTRIAL (PEÇAS) -1,2% 5,2% IMPORTAÇÕES (US$) -10,0% 9,4% EXPORTAÇÕES (US$) -17,1% 16,7% Fontes: IEMI / IBGE / SECEX (1) Junho 2017 / Maio 2017 (2) Janeiro-Junho 2017 / Janeiro-Junho 2016 Marcelo V. Prado é sócio-diretor do IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial faleconosco@iemi. com.br Foto: Shutterstock var o otimismo das nossas empresas, em relação ao futuro do nosso mercado. Porém, não podemos nos esquecer de que se compararmos os resultados al- cançados até aqui com os melhores anos da indústria local, ainda há um lon- go caminho a ser percorrido. É notória a percepção de que a capacidade da oferta interna ainda se encontra bem acima da demanda atual, equilíbrio que só deve- rá ser alcançado daqui a três ou quatro anos (por volta de 2020, ou 2021). Neste cenário, fica claro que a retoma- da do consumo interno, cujo ritmo ten- de a ser lento nos próximos anos (entre 2,5 a 3,5% ao ano), deverá ocorrer em meio a uma forte competição entre os players locais, somado a um aumento nos volumes de importações, que já se mostram, novamente, em elevação. Aqui cabe uma explicação: as importa- (seguidoras), tendo como único grande diferencial, o “menor preço”. Este modelo, como sabemos, não cos- tuma gerar lucro para os seus adeptos, empurrando boa parte destas empre- sas para a informalidade, como meio de garantir a sua sobrevivência no merca- do, e causando uma grande vulnerabili- dade para o negócio. É uma típica situa- ção de “destruição de valor” em escala setorial, que mina a capacidade da pró- pria indústria em absorver as melhores práticas, novas tecnologias e a gerar empregados mais qualificados. Mais do que nunca é hora de buscar- mos um novo modelo de negócio para a moda brasileira, em especial por par- te das pequenas e médias empresas, que devem procurar se diferenciar no mercado, visando criar valor e gerar lu- cro, mais do que crescimento. O consumo de moda hoje é fragmenta- do em um sem fim de nichos de merca- do, muitos deles representados por con- sumidores de uma nova geração, com comportamentos e valores próprios, nascidos na era da internet e da infor- mação em tempo real, com uma nova vi- são de mundo e cada vez mais diverso em termos de estilos, hábitos e crenças. Não há limitações para se criar valor dentro da moda, mas para isso, é pre- ciso sair do conforto de uma mera imi- tação e ir além, inovar e criar seus pró- prios diferenciais. Sucesso!!! . INDICADORES DO VAREJODEMODA A venda do comércio varejista de ves- tuário avançou em junho. Em volumes físicos a alta foi de 2,5% e, em valores de venda, de 2,9% sobre o mês anterior (maio). No acumulado no ano, entre ja- neiro e junho, a alta acumulada já che- ga a 8,2% nas receitas (nominais, sem descontar a inflação) e de 5,7% nos vo- lumes de peças comercializadas. A produção nacional destes artigos, em número de peças, demonstrou um comportamento distinto do varejo, com uma variação negativa de 1,2%, em ju- nho, quando comparado a maio. Ainda assim, no acumulado do ano, a alta se mantém positiva, em torno de 5,2%. Em relação ao comércio externo, as im- portações brasileiras de roupas (em dóla- res) mostraramqueda de 10,0%em junho, mas na comparação anual apresentam alta de 9,4%. Já as exportações, tiveram queda de 17,1% no mês, mas também de- monstramalta de 16,7%no acumulado do ano (semestre, contra semestre). 35 158

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