World Fashion + Varejo edição 156

4 A REVISTA PARA OS PROFISSIONAIS DA MODA edição 156 Nova demanda demercado demandanovas competências O cenário contemporâneo pede que as marcas exercitemcommais abrangência ações de cobranding e parcerias e que injetem em seus planos continuamente a novidade Especialista na Inteligência da Gestão do Luxo e Premium Fundador | Presidente da MCF Consultoria e Sócio-Fundador da marca varejista BENTO STORE. Foto: Divulgação C omo se manter relevante e as- sumir papel contemporâneo nesses novos tempos em que a dinâmica do mercado foi to- talmente alterada? Já não é mais apenas um novo ci- clo. Estamos definitivamente no iní- cio de uma nova Era. E uma Era de perda de referências ou de constru- ção de novas referências. E nesse ritmo de rupturas e mo- vimentos, a atividade do Luxo não poderia ficar distante. As marcas têm feito esforços consideráveis pa- ra seguirem desejadas, atualizadas e principalmente relevantes para a atual geração de consumidores. E aqui não quero dizer apenas os jo- vens. São novos perfis de consumo. Novos influenciadores. Expectativas diferenciadas e muito elevadas. Kim Kardashian assume o seu rele- vante papel como uma das mais fortes influenciadoras digitais domundo. Cris- tiano Ronaldo é um dos mais importan- tes colecionadores de carros de Luxo. A quase bicentenária marca francesa Hermés tem apresentado conceitos inovadores de pop-up-stores e coleção cobranding com a Apple que é ícone dos tempos modernos digitais. A italia- na Fendi surpreendeu com a sua mo- torbike vendendo o conceito “mobilida- de” em alguns destinos de praias. Bentley, Lamborghini, Jaguar são algumas das montadoras tradicionais de Luxo que não resistiram ao apelo e à pressão de terem uma SUV – sim, SUV que traz as mulheres e as crian- ças como protagonistas, o que era quase impensável há alguns anos. A prestigiosa e aclamada Chanel colo- cou Willow Smith como “rosto institu- cional” da marca. Nada de novo se ela não fosse uma menina de 16 anos (que geralmente não é o target tradicional da marca) e negra. Jason Smith, irmão de Willow, são filhos dos atores negros Will e Jada Smith (esses agora pelo visto se tornarão agentes dos filhos) e esse menino de 15 anos, figurou re- centemente na campanha feminina da marca Louis Vuitton, usando a co- leção feminina e assim, cristalizando o movimento “no gender – sem gênero”. Um dos produtos mais vendidos no poderoso site Farfetch foi o tênis as- sinado pelo produtor/cantor Kanye West da cultura de gueto americana. Alguns exemplos do que chamo de adequação contemporânea, que têm levado as marcas de Luxo a exercitarem ainda mais o novo, a quebrarem para- digmas, a tentarem formatos diferentes. MAIS DO QUE NUNCA SURPREENDER! NO PRODUTO, NO SERVIÇO OU NA MARCA. As marcas de forma geral e as de Luxo precisam mais do que nunca ter, claramente, voz, causa e propósito nos tempos atuais. Necessitam incremen- tar e potencializar suas presenças no mundo digital, até então um contra- ponto na cultura tradicional do consu- mo de Luxo. Nesse quesito, a Burberry torna-se, possivelmente, a primeira marca de Luxo Digital na história. As marcas precisam exercitar com mais abrangência ações de cobranding e parcerias. Injetar a novidade continua- mente. Educarem e capacitarem suas equipes para se tornarem exímias con- tadoras de histórias e estórias. O momento pede um Luxo, preser- vando e respeitando códigos e essên- cia, mas que seja mais democrático, humanizado e menos pretencioso. São tempos em que a personaliza- ção, customização e profundo co- nhecimento do cliente (profundo e não ficha cadastral apenas) se tornam protagonistas da relação. A atividade do Luxo está sob consi- deração. Arrisco afirmar que algumas novas vertentes ganharão força nos próximos anos = Conscientização, Universalidade, Extensão de marca e Imersão. O conceito tradicional de Status será alterado. Estarão em des- taque marcas e até mesmo indivíduos que possuírem habilidades digitais, que demonstrarem compromisso com a sustentabilidade, que deram espaço ao wellness e ao wellbeing (bem-estar), que forem generosas e tiverem ótimas histórias para serem contadas (verdadeiras e genuínas). Enfim, “ Não sobrevivem aqueles que se acham os mais fortes e os mais in- teligentes. Sobrevivem aqueles que se adaptam ”, já dizia Charles Darwin.

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