World Fashion + Varejo edição 155

24 A REVISTA PARA OS PROFISSIONAIS DA MODA edição 155 Marcelo V. Prado é sócio-diretor do IEMI – Instituto de Estudos e Marketing Industrial faleconosco@iemi.com.br por Marcelo V. Prado DESEMPENHO VESTUÁRIO VARIAÇÃO NO MÊS 1 VARIAÇÃO ANUALIZADA 2 VENDAS NO VAREJO (R$) -3,1% -6,1% VENDAS NO VAREJO (PEÇAS) -3,2% -11,4% PRODUÇÃO INDUSTRIAL (PEÇAS) 7,4% -10,5% IMPORTAÇÕES (US$) 7,0% -49,2% EXPORTAÇÕES (US$) 5,1% -4,5% Fontes: IEMI / IBGE / SECEX (1) (1) Agosto 2016 / Julho 2016 (2) Janeiro-Agosto 2016 / Janeiro-Agosto 2015 A s festas de final de ano e a en- trada do décimo terceiro salá- rio na conta dos trabalhadores (aomenos daqueles que ainda preservaram seus empregos), inevitavelmentegerama expectativado início de um novo ciclo de consumo no varejo, ainda que ele não seja suficiente para reverter a tendência de queda na demanda interna, prevista para o acu- mulado do ano, diante dos resultados registrados ao longo de 2015. Independentemente das posições mais ou menos otimistas das diferen- tes fontes econômicas, o fato é que os indicadores mais recentes do mercado mostram dois sinais muito claros: o pri- meiro é de que alcançamos o “fundo do poço” e o segundo é que a recuperação, com retorno ao crescimento nas vendas nos âmbitos do varejo e da indústria, só será sentida de fato em2017. E, ainda as- sim, de forma lenta, conforme demons- tram os números apresentados pelos modelos de projeção do IEMI, para o mercado de vestuário no Brasil. Nossas estimativas para 2016 apon- tam para uma queda no varejo de vestuário da ordem de 4,6%, nos volu- mes de peças comercializadas, junta- mente com um aumento nominal de 2,7% nas receitas destas empresas (ou queda real de 4,3%, se descontada a inflação prevista para o ano que vem). Já para 2017, o varejo de vestuário deverá apresentar crescimento de 1,2% em volume e de 6,4% em valores nominais (com aumento real de 1,3%). Para a indústria de confeccionados, dado os efeitos positivos sobre a pro- dução local pela substituição de impor- tações, que devem fechar o ano com recuo próximo a 50%, este ano, espe- ra-se um pequeno crescimento de 1,1% nos volumes confeccionados interna- mente, gerando um aumento nas re- ceitas de 4,5% em valores nominais (ou queda real de 2,5%, descontada a infla- ção prevista para o próximo ano). Para 2017, prevê-se um desempe- nho pouco melhor para a produção nacional de roupas, estimada em 1,9% em volume de peças e 6,4% em receitas nominais. Confirmadas as expectativas, a po- pulação brasileira terá consumido ao final de 2016, 6,6 bilhões de peças de vestuário no varejo brasileiro, com gastos superiores a R$ 183 bilhões (va- lores líquidos, sem impostos), alimen- tando quase 165 mil lojas, 58 mil delas localizadas em shoppings centers . O público feminino se manterá predo- minante neste consumo, com 52% dos volumes adquiridos no varejo, enquanto que a maior demanda virá da classe média, com poder de com- pra B e C, que respondem por 62% da população e 70% dos gastos com o produto (R$ 127 bilhões ano). O Sul e o Sudeste terão representado 66% da demanda potencial, mas as melhores oportunidades de crescimento, ho- je, encontram-se nas demais regiões do país, em especial nas áreas onde o agronegócio se apresenta como o principal motor da economia local. Com as perdas registradas nos últi- mos dois anos e a pouca velocidade esperada para a retomada da econo- mia, até o momento, estima-se que os níveis mais elevados da produção de vestuário no país, registrados em 2010, só voltem a ser alcançados em 2020. Ou seja, os erros na condução da economia, praticados pelos dois governos anteriores, terão custado ao segmento de Moda do Brasil, um atra- so de 10 anos em sua evolução. Que bons ventos venham a soprar em2107. Aproveito para desejar a todos um ano cheio de alegrias e realizações. INDICADORES DO VAREJO DE MODA A venda do comércio varejista de ves- tuário teve queda no mês de agosto de 2016. Em volumes físicos o recuo foi de 3,2% e, em valores de venda, de 3,1%. No acumulado entre janeiro a agosto de 2016, houve queda de (-) 6,1% nas receitas e de (-)11,4% nos volumes. A produção nacional destes artigos, em número de peças confeccionadas, teve crescimento de 7,4%, em agosto, quando comparado ao anterior. No ano, a queda chegou a dois dígitos, (-)10,5%. Com a queda da taxa de câmbio nos últimos meses e os desembar- ques para o final do ano, as importa- ções brasileiras de roupas tiveram alta de 7,0% no mês de agosto de 2016, acumulando no ano, porém, queda de 49,2%. As exportações, da mesma forma, apresentaram alta de 5,0% no mês, porém queda de (-) 4,5% no ano. DoFundodoPoço àRetomada: Cenários 2016e 2017 Há dois anos que temos convivido como drama da crise econômica e o impacto no consumo de moda no Brasil, procurando sempre apontar os melhores caminhos para, aomenos, suavizar efeitos danosos ao desempenho das nossas empresas

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