World Fashion + Varejo edição 154

6 a revista para os profissionais da moda edição 154 +vitrina Segunda capital do Brasil, o Rio de Janeiro foi palco de grandes transformações políticas, econômicas e também das ruas e a Granado entra em cena para uma novíssima proposta de produtos de higiene e de comunicação Texto e fotos por Sylvia Demetresco Granado contahistória emsuas encenações D esde o século XIX, a Granado, que é uma das marcas mais presentes na cultura brasileira; apresenta lojas e vitrinas coma preocupação de captar o que o consumidor deseja – desde sempre, no seu âmago. Seus temas são contex- tualizados e estabelecem um diálogo com o seu entorno, despertando a atenção dos consumidores. Um dos exemplos mais famosos é a encenação construída na vitrina para saudar Dom Pedro quando da volta de uma excursão feita por ele pela Europa. Na época, 1888, o dono da Granado, Coxito Granado, colo- cou na fachada da loja uma pintura do Imperador fotografado por Marc Ferrez. Além disso, toda a extensão da fachada do estabelecimento foi decorada com bandeirolas e fitas, culminando com o símbolo da Coroa no alto do prédio. Família Real Fundada em 1870 pelo português José Antônio Coxito Granado, a Grana- do foi instalada inicialmente na então chamada rua Direita – hoje conhecida como rua Primeiro de Março, no centro do Rio de Janeiro, perto do Paço Impe- rial. Por esta proximidade, a loja tornou- se uma das principais fornecedoras da Corte, tendo recebido, em 1880, do próprio Dom Pedro, o título de “Farmá- cia Oficial da Família Real Brasileira”. Em 1917, foi inaugurada a primeira filial da Granado. Localizada na rua Conde de Bonfim, na Tijuca, tinha co- mo grande diferencial para a época o fato de funcionar 24 horas. As imagens mostram as poucas mudanças pela quais a marca passou (em 1920, 1950, 1994 e em 2014), tendo em vista que sempre prezou sua identidade focada na própria história e tradição. Os moradores do bairro, os tijuca- nos, criaram um forte laço afetivo com esse comércio, e a Granado, para manter a relação, continuava a investir fortemente na montagem de vitrinas com iluminação e temas apreciados pela população do bairro, também ad- mirados por cariocas e turistas prove- nientes de qualquer outra localidade. Década de 70 Na vitrina do Dia Independência do ano de 1974, a Granado lançava uma colônia, exposta num berço/display de seda. Este modo de preparar a montagem demonstra a preocupação da marca com os detalhes de todos os produtos. Em outra montagem cons- tavam os artigos que hoje fariam parte da categoria de desodorantes: produ- tos para suores fétidos, erupções de pelo, polvilho antisséptico, etc. Os lançamentos foram apresen- tados de maneira que círculos com textos verbais, como pequenos ban- ners – isto é, bolas pintadas manual- mente – balançavam como móbiles e anunciavam, de modo divertido, os produtos, despertando a atenção e a curiosidade dos consumidores. Ambiente atual Esta loja, a Granado da Tijuca, foi restaurada em 2013, tendo sido refei- tos, como na construção original, in- cluindo paredes e pisos. A repagina- ção fez com que com a loja pudesse ser caracterizada pelo estilo barroco que nela impera, cujos traços mais marcantes são a de confortabilidade, a apreensão de uma grande quanti- dade de produtos que se fazem ver e a de ser bem iluminada, conforme as regras de ambientação atuais. Antes, em 2005, a Granado inaugu- rou a primeira loja conceito no centro do Rio, exatamente no mesmo espa- ço em que antes estava a primeira far- mácia, na rua Primeiro de Março, loja que sempre permaneceu funcionan- do. Nela também, pode-se observar como as construções e as reformas da marca nos aproximam dela por meio da arquitetura, do visual mer- chandising e das encenações tão de- talhadamente elaboradas.

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