World Fashion + Varejo edição 154

4 a revista para os profissionais da moda edição 154 F ico imaginando que se o Brasil tivesse tomado a decisão de investir no setor confeccionis- ta brasileiro, estrategicamente como há anos decidiu para setores específicos, o que nos levou a ter empresas como Embraer, Vale do Rio Doce, Petrobrás, citando algumas somente, estaríamos seguramente em uma posição de destaque mundial. Somos umPaís confeccionista. Todas as regiões brasileiras possuem confec- ções. O investimento nesse setor po- deria ter tornado o Brasil uma potência competitiva mundial. A mão de obra brasileira quando devidamente treina- da entrega resultados impressionantes. Como não admirar o trabalho que vem sendo feito atualmente por mar- cas de moda como Martha Medeiros, usando uma mão de obra artesã? Co- mo não admirar o nível de serviços em destinos como Ponta dos Ganchos (SC) e Kenoa (AL), que têm o indivíduo como a interface dessa relação? Ou até mesmo o trabalho aclamado, in- clusive internacionalmente, da marca de cama, mesa e banho, Trousseau? Brasil podeedeve conquistar espaçonomapa damoda O País e sua indústria de confecção têm reserva suficiente para se tornarem referência no cenáriomundial, desde que haja uma política séria e consistente para isso Marcas e produtos brasileiros feito por brasileiros. E há ainda o case mundial das Ha- vaianas, respeitada não somente pela marca prestigiosa, mas acima de tudo por entregar um produto de qualida- de inquestionável. Sim, nós no Brasil podemos. Agora imaginem se esse movimen- to tivesse sido estrategicamente de- senhado pelo Brasil como a Itália fez com suas confecções e a França com seu relevante investimento em seto- res como beleza e moda. Poderíamos ter surpreendido o mun- do com a nossa moda praia! Ninguém no mundo consegue criar o que cria- mos e principalmente, criar uma co- leção inteiramente focada em moda praia. Isso é nosso. Talento nosso. A Hering poderia ter sido a GAP da América Latina. O País, que é o maior produtor e exportador mundial de café e laran- ja, por exemplo, não conseguiu criar com esses produtos marcas com- petitivas no cenário internacional. O americano toma o café brasileiro, elo- giando o café como colombiano. O Brasil exporta o produto e a Colômbia exporta algo além – a marca. A marca de suco norte-americana Tropicana usa muita laranja brasileira, mas não temos uma marca. Isso sem falar do Açaí. O mundo está in love com o nosso Açaí. Mas, o mundo não consome marcas de Açaí brasileiras. São tantas oportunidades perdidas ou não desenvolvidas. Tantas, que fi- co inquieto. E o mesmo acontece com o Jeans brasileiro. O Brasil é um país “jeanszeiro”. Em todos os cantos desse país continen- tal há uma confecção não boa, mas extraordinária de jeans. Caimento, modelagem e lavagem impecáveis. O Brasil domina o denim. Domina. Mas, não temos uma marca brasileira que domina o mundo. Quando a Levi’s tinha domínio mun- dial, no Brasil a marca nunca teve mais do que 10% de market share. Quando a Diesel surpreendeu o mundo com produtos e marca, a equipe de cria- ção e design da mesma na Itália, tinha muitos brasileiros compondo. O NY Times há alguns anos publi- cou um artigo na sua poderosa re- vista dominical dizendo que os jeans brasileiros eram capazes de fazer com que os homens americanos olhassem “bunda” e deixassem ape- nas de considerarem “seios”. Isso é um elogio e tanto. Como não ficar fascinado com mar- cas do passado como Philippe Mar- tin, Company, Inega, Forum e Zoomp? Marcas como Ellus e a poderosa do momento Damyller? O Brasil das oportunidades perdi- das poderia ser também entendido e percebido como país das oportunida- des que poderiam ser desenvolvidas. Será que ainda temos esse tempo? Definitivamente que sim! Especialista na Inteligência da Gestão do Luxo e Premium Fundador | Presidente da MCF Consultoria e Sócio-Fundador da marca varejista BENTO STORE. Foto: Divulgação

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