World Fashion + Varejo edição 153

30 edição 153 a revista para os profissionais da moda Paulo Delegá é diretor da Vendere, agência digital de criação para sites, redes sociais e marketing de conteúdo. www.vendere.com.br Foto: Arquivo pessoal por Paulo Delegá N a eleição de 1992 nos EUA, o estrategista da campanha de Bill Clinton para presidente, James Carville, famosamente escreveu emumquadro no es- critório central da campanha: The eco- nomy, stupid! (A economia, estúpido!). Carville quis deixar claro para a equipe na qual trabalhava para eleger Clinton que só um imbecil não percebe que a coisa mais importante em política é a situação econômica das pessoas. O momento econômico que um país atravessa é um dos maiores, se- não o maior, determinante do ambien- te psicológico e, portanto, tinha que pautar o marketing do candidato. A percepção expressada na frase mos- trou-se verdadeira. George H. Bush (o Bush pai) tinha ficado muito popular com a vitória na Guerra do Golfo, mas a economia americana estava em re- cessão, então os eleitores votaram, como esperado por Carville, com seus bolsos: elegeram Bill Clinton. O estimado leitor, a menos que te- nha morado em Marte no último ano, já percebeu a relação entre a história que contamos no primeiro parágrafo deste artigo e o Brasil. Claro que temos que guardar as devidas proporções que a re- cessão dos americanos era relativamen- te benigna e a brasileira é maligna com metástasemúltipla... Mas o que gostaría- mos de fazer aqui não é traçar um pa- ralelo econômico ou político, que foge ao escopo dessa coluna, mas a partir de umcase de sucesso, emum zeitgeist de crise, fazermos algumas reflexões sobre a arte de fazer marketing em tempos bicudos e, em particular, marketing na Internet, objeto desta coluna. Não tá tranquilo, não tá favorável Então, primeiro as más notícias: a economia brasileira não vai melhorar rapidamente. As previsões da maioria dos economistas são de um 2016 de recessão e um provável 2017 reces- sivo também. Se a coisa começar a melhorar em 2018, vai levar alguns anos só para repor o que economia encolheu nos anos de recessão. A futurologia é sabidamente uma profissão de risco e a esperança é a última que morre, mas é sensato o leitor se preparar para atravessar um longo período durante o qual o seu marketing vai ter que funcionar em um ambiente de contenção severa de custos, no lado de quem faz mar- keting e no lado de quem compra o produto... E se somarmos à muito concreta falta de dinheiro o desgaste psicológico de uma prolongada in- certeza política, a audiência, além de fazer compras mais parcimoniosas, vai estar mais cética e refratária às mensagens para gastar mais. A metade cheia do copo Agora as boas notícias (antes que alguém pule da janela do prédio): o marketing na Internet é uma forma de marketing em que dá para substi- tuir a força bruta do dinheiro por inte- ligência e trabalho duro: com a verba de produção e exibição de um único comercial de TV de 30 segundos dá para produzir e distribuir uma enxur- rada de textos, imagens e vídeos na Internet. Todo esse material coorde- nado numa técnica de Marketing de Conteúdo pode responder a cada etapa de dúvidas e reticências do comprador escaldado pela crise. Emesmoque você não tivesse verbas de porte televisivo antes da recessão, verbas de qualquer tamanho podem gerar repercussões grandes na Internet se aplicadas com a devida estratégia. E por último, mas não menos im- portante, se o mercado em geral vai estagnar ou encolher nos próximos tempos, o único jeito de sua empresa crescer é tomando clientes dos con- correntes. Nessa hora gostaríamos de tirar uma lição da outra frase – me- nos famosa – que Carville escreveu no quadro naquela manhã de 1992: “Change vs. more of the same” (Mu- dança versus mais do mesmo). Na cri- se, as pessoas anseiam pela mudan- ça. Pode ser a oportunidade de você convencê-las a que a mudança de que elas precisam é justamente elas pararem de comprar de seu competi- dor e começarem a comprar de você. Aeconomia, estúpido! Se a recessão está encolhendo seumercado, só há duas coisas a fazer: apertar o cinto e partir para cima dos clientes da sua concorrência

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